Não basta apenas o cuidado singular amparado da pessoa em condições crônicas sem ter, ao mesmo tempo, um olhar e uma consideração com o ambiente/contexto da sua sociabilidade, porque é nele que o doente crônico encontrará recursos e dispositivos, desde biopsíquicos até simbólico-culturais, para lidar com as consequências de sua cronicidade.
Assim, por exemplo, os diabéticos e os hipertensos são aconselhados com prescrições de regime alimentar e exercícios físicos. Contudo, a dificuldade econômica para adquirir os alimentos e a desconsideração pelo seu significado simbólico e social, arraigado em profundas tradições familiares, leva esses conselhos prescritivos muitas vezes ao descumprimento.
O doente crônico precisa receber incentivos do seu círculo familiar e de sua rede de apoio social para que assuma o seu autocuidado. Outro exemplo é a questão dos exercícios físicos, que exigem um ambiente propício para sua realização. A maioria das pessoas em condições crônicas vive em bairros sem nenhum espaço adequado para fazer caminhada nem estruturas para desenvolver exercícios físicos.
Nesse sentido, o incentivo para que os habitantes se articulem por meio de suas representações de bairro para exigir do poder público a construção desses espaços faz parte do acompanhamento das suas condições crônicas.
Esses determinantes contextuais locais inserem-se em um âmbito mais amplo, que é o ambiente como lugar da sustentabilidade socioambiental e reprodução social da vida.
Por Elizabeth Mendes e Joel Santos
Categoria: Mídia Ambiental, Saúde Ambiental