EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS E A DOENÇA DE PARKINSON

Os agrotóxicos são produtos químicos utilizados para matar ou controlar organismos considerados nocivos na agricultura e para o controle químico de espécies espontâneas, e representam perigo para a natureza e seres humanos. Desta forma, os principais afetados são os que possuem contato direto com as substâncias durante a aplicação e manipulação, como os agricultores e trabalhadores das indústrias de agrotóxicos. Todavia, toda a população está vulnerável a exposições múltiplas a agrotóxicos, por meio da contaminação da água e alimentação.

Assim sendo, o acúmulo consequente destes produtos químicos no organismo possui capacidade mutagênica e carcinogênico sobre diferentes órgãos e sistemas, como alterações no sistema nervoso central (SNC) e periférico (SNP), imunológicas, endócrinas, e doenças, como Alzheimer, Parkinson, câncer, alterações hormonais, esterilidade, entre outras.

Entre as patologias que acometem o SNC, há a Doença de Parkinson (DP) , sendo a segunda doença neurológica que mais ocorre no mundo, podendo afetar até 2% da população mundial com mais de 65 anos. Tal patologia advém da perda dos neurônios dopaminérgicos na substância negra do encéfalo, o que leva a falta ou redução da dopamina (neurotransmissor), afetando o padrão de descargas neurais. Desta forma, como consequência, afeta os movimentos do indivíduo, dando origem a tremores associados à lentidão de movimentos, instabilidade postural e rigidez muscular.

A DP é considerada de origem multifatorial, fatores genéticos, ambientais, e atualmente, destaca-se a relação da exposição a agrotóxicos associada ao aumento do risco de DP, principalmente em populações que realizam trabalho agrícola.
Dentre as pesquisas sobre o assunto, no vale central da Califórnia (USA), concluíram que a exposição combinada aos agrotóxicos zirame e paraquat, afetaram diferentes mecanismos que contribuem para a morte do neurônio dopaminérgico, aumentando consideravelmente o risco de Parkinson.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2017, baniu a comercialização e uso do herbicida paraquat, a partir de 2020/2021, alegando a capacidade de induzir ao parkinsonismo. Infelizmente há um número expressivo de indivíduos com tal patologia, que tiveram alguma atividade com contato direto com agrotóxicos, preparo e aplicação ou mesmo na lavagem das roupas. Dessa forma, destaca-se a importância de mais produções científicas para fornecer os dados relevantes e chamar a atenção dos gestores e profissionais da área, visando promover novas práticas e políticas de saúde.

FONTE: Epidemiologia: teoria e prática, Maurício Gomes Pereira.
POR: Estevão Anatriello