Fonte de riquezas supostamente inesgotáveis, os oceanos cobrem dois terços da superfície terrestre e há muito tempo servem de depósito para todo tipo de resíduos produzidos pelo homem, desde efluentes líquidos sanitários ou industriais até as mais diversas classes de lixo, como plásticos, vidros e materiais radioativos ou tóxicos.
Muitas pessoas, infelizmente, mantêm a falsa ideia de que os oceanos têm ilimitada capacidade de assimilar sem risco o imenso e contínuo aporte de poluentes e lixo.
Estima-se que, em escala global, até 80% do lixo encontrado em praias chega à costa através dos rios próximos, dependendo dos padrões de circulação das águas costeiras. Os frequentadores das praias também contribuem, às vezes de forma alarmante, ao deixar os próprios resíduos na areia. A dinâmica costeira (ventos, ondas e marés) transfere o lixo para a água, tornando sua coleta muito mais difícil.
Além das perdas estéticas, o lixo pode trazer sérios prejuízos, tanto econômicos quanto biológicos, ao ambiente marinho. Limpar continuamente praias cheias de lixo significa um gasto que poderia ser evitado ou reduzido. Praias sujas, é evidente, não favorecem o turismo ou a pesca artesanal, provocando danos irreparáveis à economia da região, que muitas vezes depende quase inteiramente dessas receitas.
Do ponto de vista oceanográfico, os problemas são ainda maiores. No caso da fauna marinha, o lixo causa diversos impactos negativos: garrafas e outros recipientes podem aprisionar pequenos animais e plástico e isopor são confundidos com alimento e ingeridos inadvertidamente por peixes, aves, répteis e mamíferos, que quase sempre morrem, em geral por obstrução do aparelho digestivo.
Vários estudos científicos constataram a mortalidade de peixes, aves, tartarugas marinhas, golfinhos e baleias por ingestão de lixo marinho.
A preocupação de entidades e grupos ambientalistas com a crescente poluição dos mares levou à criação das campanhas mundiais de limpeza das praias – mutirões de coleta de lixo, realizados por voluntários, em mais de 75 países. Tais campanhas visam reduzir o impacto no ambiente marinho do enorme volume de resíduos deixados nas áreas costeiras e informar e sensibilizar a sociedade em relação ao problema.
Por Carlos Ramon e Joyce Alencar.
Fonte: Araújo, 2003.