LEPTOSPIROSE E OS PERIGOS DAS ENCHENTES

Os alagamentos são causados por insuficiência no escoamento da água da chuva, tanto pela ausência do sistema de drenagem, quanto pelo entupimento causado pelo descarte incorreto do lixo.

Por conta de alagamentos e enchentes, é justamente no período de chuvas que aumenta o risco de se contrair a leptospirose (uma doença causada por bactérias chamadas de leptospiras), que pode ter evolução grave e fatal.

O contato com água contaminada é a principal forma de disseminação da doença. Essa água é contaminada por portadores da bactéria.

Os animais, ao se infectarem, tornam-se portadores, abrigando a leptospira nos rins, eliminando-a viva no meio ambiente e contaminando água, solo e alimentos. No meio urbano, o principal transmissor é o rato de esgoto. Entretanto, existem outros animais que podem ser reservatórios além rato, como cães, equinos e bovinos. A bactéria entra no nosso organismo através da pele. O contágio pode ser facilitado por lesões, mas ocorre também na pele sem nenhum machucado.

A leptospirose é uma doença endêmica e se torna epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais e áreas metropolitanas, devido às enchentes associadas à aglomeração populacional em locais com condições inadequadas de saneamento básico e à alta infestação de roedores.

Os sintomas são variados podendo apresentar sintomas leves até muito graves e morte. Os sintomas iniciais se caracterizam por febre alta, dores pelo corpo, principalmente em regiões musculares, dor de cabeça e mal-estar. Paciente pode ter icterícia (com olhos amarelados) e com a pele de coloração avermelhada, sofre a diminuição da diurese por lesão nos rins, comprometimento pulmonar, piora das dores musculares e de cabeça.

O tratamento da doença é feito com antibióticos, e deve ser ministrado o mais precoce possível, para diminuir as chances de evolução para quadros mais graves. É contraindicado o uso de qualquer medicamento sem orientação de um profissional da saúde.

Medidas ligadas ao meio ambiente, como o controle de roedores, obras de saneamento básico e melhorias nas habitações humanas são fundamentais para a prevenção. Por enquanto, ainda não há vacinas contra a leptospirose para humanos, apenas para animais.

Por: João Antonio e Cláudio Noedhy
Fonte: Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, 2017.