Pesquisa PEV 2016 aponta precariedade na educação ambiental das escolas do Vale do São Francisco

O Programa Escola Verde esteve realizando nova pesquisa, com aplicação de Formulários, junto a 21 Escolas da Educação Básica de Petrolina-PE e Juazeiro-BA.

A investigação foi realizada entre os meses de Fevereiro à Maio de 2016, com a colaboração dos gestores escolares. A amostra é do tipo não-probabilística e os nomes das escolas e gestores foram mantidos em sigilo em respeito aos princípios da ética em pesquisa.

ANÁLISE DOS DADOS

Foram pesquisadas 21 escolas, das quais 14 em Petrolina e 07 em Juazeiro. Destas cerca de 40% realizaram mudança de gestores nos últimos dois anos.

ARBORIZAÇÃO

Um dos problemas revelado foi a carência de áreas arborizadas nas escolas. Em Petrolina apenas 17% das escolas investigadas possuem áreas arborizadas suficientes; ao passo que 83% estão com déficit de espaços verdes.

Aproximadamente 80% das escolas de ambos os municípios estavam apenas com até 20% de sua área interna arborizada.

Em Juazeiro 100% das escolas pesquisadas apresentaram insuficiência em sua área arborizada; sendo que cerca de 20% não possuíam área verde alguma no interior da instituição.

100% das Escolas investigadas em Petrolina indicaram desejar atividades de arborização do PEV; e outras 80% das escolas de Juazeiro também, sendo que os 20% restante não tinham espaço no interior pra árvore alguma ou o prédio era cedido.

HORTA ESCOLAR

A pesquisa revelou que 75% destas escolas de Petrolina não possuíam hortas escolares; e todas (100%) das instituições observadas de Juazeiro não tinham este importante instrumento pedagógico e transdisciplinar.

PPP E COM-VIDA

Conforme os gestores 45% das escolas de Petrolina investigadas, os Projetos Políticos Pedagógicos (PPP) não contemplavam a questão ambiental ou faziam de forma parcial. Este número chega a 50% entre as escolas de Juazeiro.

Em nenhuma (100%) das escolas pesquisadas de Juazeiro foi constatada a existência de Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (COM-VIDA). Em Petrolina esta carência ficou em 80% das instituições de ensino.

Provavelmente isto deve esta diretamente relacionado ao fato de que em 67% das escolas de Petrolina não existam projetos permanentes de Educação Ambiental; e em esta carência seja sentida em 80% dos gestores das escolas de Juazeiro.

PROBLEMAS COM A ÁGUA E ESGOTO

Quase vinte por cento (17%) das escolas de Petrolina e Juazeiro apresentam algum problema com a distribuição e consumo da água, de acordo com a observação dos pesquisadores, tais como vazamentos, falta e consumo do líquido.

Impressionante constatar que em 61% das escolas pesquisadas em Petrolina os estudantes consomem água in natura diretamente da torneira, quando muito gelada ou apenas clorada ou fluorada. Em Juazeiro esta situação ocorre em cerca de 35% das escolas.

Em 45% das escolas analisadas de Petrolina e 17% de Juazeiro haviam problemas com esgotamento sanitário; tais como vazamentos e entupimentos.

Em 25% das escolas de Petrolina e 33% das escolas de Juazeiro foram relatados pelos gestores problemas de saúde pública, como infestações de piolho, mosquitos e dengue.

COLETA SELETIVA

Um grande desafio das escolas é desenvolver a coleta seletiva como um hábito cotidiano, por vários fatores que vão desde a falta de coletores até a dificuldade de dar uma destinação seletiva aos materiais coletados.

De acordo com os dados levantados, em 55% das escolas de Petrolina não existe a prática da coleta seletiva; este índice sobe para 67% entre as escolas de Juazeiro.

Cerca de 50% das escolas de Petrolina e 100% das escolas de Juazeiro não possuem nenhum dos coletores coloridos para o descarte seletivo dos rejeitos.

Em Petrolina, mesmo havendo ações de coleta seletiva em parte das escolas, após a seleção todos os materiais são descartados no mesmo carro do lixo comum em 67% destas escolas.

TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Pode-se constatar que em todas as escolas investigadas de Petrolina e Juazeiro ocorre a utilização das Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) nas atividades escolares. Todavia 60% das escolas de Petrolina e 35% de Juazeiro, nunca ou raramente usam os laboratórios de informática.

Este fato deve-se pela falta de alguns simples equipamentos como estabilizador ou mouse, ou pela falta de técnico para operar a manutenção, ou pela carência de computadores mesmo.

CONCLUSÃO

Os dados revelaram uma situação preocupante das escolas em relação ao envolvimento com temas socioambientais. Os Projetos Pedagógicos não contemplam a discussão ambiental, não existem Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida, faltam hortas e espaços verdes nas instituições.

As escolas apresentam também deficiências em relação a disponibilização da água para os alunos, problemas como esgotamento sanitário, coleta seletiva e problemas de saúde ambiental.

A situação encontrada nestas escolas não é diferente da realidade das demais quase 100 escolas já pesquisadas pelo PEV desde 2012.

Todos estes problemas indicam a necessidade de um maior envolvimento dos atores sociais no dia-a-dia das escolas: professores, estudantes, gestores, familiares e comunidade do entorno das instituições. Também revela a urgência do Poder Público desenvolver ações para tornar a Educação Ambiental uma prática escolar institucional, permanente e interdisciplinar, como determina a legislação.

Confira alguns gráficos: