ASSOCIAÇÃO ENTRE MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS E A UTILIZAÇÃO DE AGROTÓXICOS

O consumo crescente de agrotóxicos para o manejo da agricultura faz com que esses compostos tenham importância cada vez mais significativa para o campo da saúde pública devido a seus efeitos em médio e longo prazo na saúde da população.

O emprego de agrotóxicos tem implicado uma série de problemas relacionados com a contaminação ambiental e com a saúde pública, pois eles dispersam-se no ambiente, contaminando a água, o solo e os alimentos, além de persistirem nas cadeias tróficas.

Estudos denotam que vários agrotóxicos podem afetar o sistema reprodutivo masculino de animais e também o desenvolvimento embriofetal após exposição intra uterina, dentre as quais, destacam-se as Malformações Congênitas (MC).

A mortalidade proporcional por MC no Brasil vem aumentando progressivamente. Em 2014, as mortes por MC representaram a segunda principal causa de mortalidade infantil e a principal causa de mortalidade pós-neonatal.

Alguns estudos evidenciam maior ocorrência de MC devido à proximidade das residências às áreas de cultivo. As fronteiras urbano-rurais estão cada dia mais próximas, o que pode propiciar a exposição de moradores periurbanos à contaminação de agrotóxicos. Além disso, a contaminação do ar e a consequente circulação deste também pode ser vista como fonte de exposição. Outra fonte de exposição é a água consumida pela população.

O controle efetivo da exposição a esses pesticidas é muito pequeno e escasso no cenário brasileiro. Os dados referentes ao uso dos produtos não são sistematizados em bancos de dados informatizados para a grande maioria dos estados do País. Isso dificulta a mensuração do impacto da exposição ambiental desses produtos sofrida pela população. Além disso, o lobby exercido pelas grandes corporações impede, quase sempre, o acesso à informação.

Todo esse cenário descrito nos traz um alerta sobre a necessidade da maior atenção à saúde da população, bem como a importância de se realizar o monitoramento da utilização dos agrotóxicos e contaminação humana e ambiental nos municípios que desenvolvem essa atividade.

Por: Joyce Alencar e Carlos Ramon
Fonte: Dutra, 2017.

MAL FORMAÇÕES CONGÊNITAS E AGROTÓXICOS