Mais uma nova pesquisa foi realizada pelo Programa Escola Verde em 15 escolas públicas da Educação Básica do Vale do São Francisco a fim de identificar os principais problemas socioambientais vivenciados pelas instituições.
O estudo revelou problemas como a baixa frequência de áreas verdes nas escolas, a quase inexistência de hortas escolares, problemas com a água potável e esgotamento sanitário, além de carência de coleta seletiva do lixo e ausência de Comissões de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (COM-VIDA), dentre outros problemas nas instituições pesquisadas.
A pesquisa ocorreu com aplicação de Formulários, preenchidos pelos próprios pesquisadores do PEV com e sem ajuda dos gestores escolares, em cinco instituições de Ensino Fundamental de Juazeiro-BA e dez escolas do Ensino Médio de Petrolina-PE e Juazeiro-BA. O estudo ocorreu entre os meses de Julho e Setembro de 2015.
Os nomes das escolas e dos gestores foram mantidos em sigilo e anonimato em cumprimento dos princípios da ética em pesquisa científica. A amostra foi do tipo não-probabilística.
Análise dos dados
Um dos problemas mais graves identificados com a pesquisa foi a carência de áreas verdes nas escolas pesquisadas, já que 78% das instituições de Petrolina e 100% de Juazeiro não possuem qualquer área verde em seu interior, ou possuem apenas parcialmente.
A falta completa de áreas verde foi identificada em 60% das escolas de Juazeiro, e as outras 40% possuem arborização em apenas de 10% a 20% de sua área interna. Em Petrolina a situação não é muito diferente já que 60% das escolas investigadas possem até 30% de sua área com cobertura verde.
Hortas escolares
Outro sério problema constatado foi a falta de hortas escolares. Nenhuma das cinco escolas de Juazeiro e 90% das escolas de Petrolina pesquisadas possuíam este importante instrumento didático e de segurança alimentar, já que a horta sendo agroecológica pode servir para os exercício práticos de educação ambiental das disciplinas e na colaboração com a alimentação escolar.
COM-VIDAS
Também foi observado que nenhuma das escolas pesquisadas possuía Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (COM-VIDA), a qual deve ser um instrumento de promoção e institucionalização das ações socioambientais e da Educação Ambiental.
Projetos Políticos Pedagógicos (PPP)
Os dados revelaram que nas escolas visitadas, 50% dos gestores de Petrolina e 66% de Juazeiro informaram que o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola não contempla a questão ambiental, ou aborda apenas parcialmente. E que 70% das escolas de Petrolina e 100% de Juazeiro não possuem um projeto de Educação Ambiental permanente na instituição.
Coleta Seletiva
Muito importante também foi contatar que 80% dos estabelecimentos investigados em Petrolina não desenvolviam a Coleta Seletiva do lixo, ou simplesmente a faziam de forma parcial. Em Juazeiro nenhuma das escolas pesquisadas desenvolviam a Coleta Seletiva. Das cinco escolas de Petrolina que possuíam coleta seletiva, 80% delas promoviam o descarte comum dos resíduos selecionados, misturando todo o lixo novamente.
Água potável
Com relação à água potável as instituições de ensino também enfrentam graves desafios, pois 50% das escolas pesquisadas em Petrolina e 44% em Juazeiro apresentaram problemas como a existência de bebedouros quebrados. Também foi constatado o consumo da água diretamente da torneira, sem qualquer tipo de tratamento em 50% das escolas de Petrolina e 20% de Juazeiro. Incorrendo em riscos à saúde de professores e estudantes.
Saúde Pública
Também os gestores declararam que as escolas enfrentam problemas de saúde pública da degradação ambiental do entorno, em 40% da escolas de Petrolina e Juazeiro. Os problemas mais citados foram esgotos a céu aberto, fuligem da queima da cana-de-açúcar e infestação de mosquitos.
Avaliação físico-estrutural
Os pesquisadores do PEV também atribuíram notas de 0,0 (zero) a 10,0 (dez) para as condições físico-estruturais das escolas. Os quesitos que tiveram menor notas foram Arborização (4,27), Ventilação (5,47) e Pintura (6,5). A média total foi de 6,59 e a nota mais alta foi para Edificações com 7,54; demonstrando a necessidade de investimentos e reformas nas estruturas das escolas, sobretudo para adequação ambiental e economia de recursos.
Considerações
A pesquisa revelou carências e dificuldades significativas das escolas no que se refere aos problemas socioambientais. Os dados confirmam pesquisas anteriores feitas pelo PEV sobre as mesmas problemáticas.
A grande maiorias dos problemas identificados foram objeto de ações extensivas do Projeto Escola Verde no mesmo período de realização da pesquisa, na tentativa de colaboração para a superação ou minimização destes problemas.
Esperamos que estes dados possam ajudar a refletir sobre esta difícil realidade no sentido de transforma-la, possibilitando aos próprios pesquisados auto-reflexões e mudanças de comportamento, atitudes e novas práticas pedagógicas e educativas. Por outro lado, as informações aqui levantadas poderão servir para que os poderes públicos promovam investimentos mais profícuos na superação dos problemas identificados.
Confira alguns gráficos e tabelas: