NOVA PESQUISA CONFIRMA PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS DAS ESCOLAS

Uma nova pesquisa realizada pelo Programa Escola Verde em 17 escolas públicas de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), identificou os principais gargalos socioambientais e pedagógicos que vivenciam essas instituições. Os resultados porém comprovaram problemáticas já observadas anteriormente em outras pesquisas do PEV.

O estudo, feito com Formulários aplicados, com o auxilio dos gestores, em unidades municipais e estaduais das duas cidades, revelou deficiências como a escassez de áreas verdes no ambiente escolar, a quase inexistência de hortas escolares, a carência de coleta seletiva do lixo, problemas com a água potável e esgotamento sanitário, além da sibuilização de salas de informática e de ferramentas tecnológicas no processo ensino-aprendizagem.

Do tipo não-probabilística, a amostra foi coletada entre os meses de Fevereiro e Julho de 2018. Os nomes das escolas e seus diretores foram mantidos em sigilo, respeitando assim os princípios eticos que orientam a pesquisa científica.

ANALISE DOS DADOS

Um dos gargalos que mais merece atenção, é a escassez de áreas verdes no ambiente escolar. Em Petrolina, por exemplo, entre as escolas pesquisadas, apenas 25% dos colégios da rede estadual possuem áreas verdes; enquanto nas escolas municipais esse número cai para 17%.

Em Juazeiro, a situação melhora um pouco, mas ainda é alarmante: dentre as escolas pesquisadas, somente 50% das estaduais e 40% das municipais possuem alguma área verde relevante. Somado a isso, foi identificada a falta completa de áreas verdes nas escolas municipais de Petrolina, com 33%; e as de Juazeiro, com 20 por cento.

HORTAS ESCOLARES

Outro problema observado, foi a inexistência de hortas escolares; fato comum em quase todas as unidades da amostra. Se em Petrolina, 50% dos colégios estaduais e 100% das escolas municipais pesquisadas não possuem horta, em Juazeiro esse percentual chegou em 100% para as do estado e 80% para as do município. Uma situação dramática que se contrapõe à importância real desse instrumento didático e de segurança alimentar, uma vez que a horta pode ser utilizada em ações práticas de educação ambiental e ainda colaborar com a merenda escolar.

COLETA SELETIVA

Também merece destaque a constatação de que quase todas as instituições do estudo não desenvolvem práticas habituais de coleta seletiva, promovendo apenas o descarte comum dos resíduos sólidos. Situação que fica evidente nas escolas estaduais pesquisadas em Petrolina, pois 75% não fazem qualquer coleta seletiva; ao mesmo tempo em que nos estabelecimentos do município o porcentual chega a 66 por cento.

Em Juazeiro, a realidade é ainda pior: 100% dos colégios estaduais e 80% dos municipais pesquisados, não separam o lixo; incorrendo em um grave problema socioambiental com reflexos, e que refletem, as realidades sociais das duas cidades e, por extensão, dos estados e do país; com raras exceções. Ressalta-se ainda que, mesmo nas escolas onde há coleta seletiva, geralmente não ocorre a destinação seletiva, já que no final o material selecionado é todo misturado no carro tradicional de lixo.

ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Os dados revelaram ainda que nas escolas estaduais visitadas em Petrolina, 25% possuem problemas de esgotamento sanitário, como banheiros quebrados ou esgoto à céu aberto próximos ou na escola, ao mesmo tempo em que 34% das unidades municipais deste município estão em igual situação. Não muito diferente de Juazeiro, onde 50% das estaduais e 20% das municipais pesquisadas também enfrentam estes dramas.

SUBUTILIZAÇÃO DE SALAS DE INFORMÁTICA

Os pesquisadores do PEV também identificaram com que frequência os alunos utilizam as salas de informática durante o ano letivo nestas escolas. Assustadoramente, apenas 25% das escolas estaduais de Petrolina utilizam o espaço todos os dias, enquanto 67% das coirmãs municipais nunca usam.

É em Juazeiro, porém, onde o dilema se torna mais emblemático, já que 50% das instituições estaduais pesquisadas quase nunca utilizam as salas de informática e outras 50% nem souberam responder. Ao analisar os colégios municipais de Juazeiro verificou-se também que 40% deles não levam os estudantes para o laboratório de informática e outros 40% quando levam, fazem raramente.

COM-VIDA

A pesquisa revelou os desafios da institucionalização das ações socioambientais nas escolas, ao analisar a existência de Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida (COM-VIDA) nestas unidades. Em Petrolina, por exemplo, 75% dos estabelecimentos estaduais em questão e 66% das escolas municipais não possuem COM-VIDA. Embora apareçam num “ranking” melhor que Juazeiro, onde a porcentagem negativa alcança números absolutos, com 100% de não existência desta Comissão nas unidades do estado e do município pesquisadas.

ÁGUA POTÁVEL

Com relação à água potável, as instituições de ensino visitadas também enfrentam alguns desafios. Das escolas pesquisadas em Petrolina, 50% das estaduais falta água com relativa frequência, enquanto 15% das municipais aparentemente enfrentam ocasionalmente este problema. Já em Juazeiro os números são positivos: 100% dos colégios estaduais e 80% dos municipais não registram problemas com água potável, mesmo que ainda dentre os estabelecimentos pesquisados da área rural do município, 20% sejam abastecidos com carros pipas.

CONSIDERAÇÕES DO PEV

Nosso estudo revelou carências e dificuldades socioambientais e pedagógicas significativas nas escolas que participaram da amostra. Os dados, contudo, ratificam pesquisas anteriores realizadas nos últimos anos pelo Programa Escola Verde sobre as mesmas problemáticas. Fato que demonstra que são problemas crônicos e estruturais que precisam ser enfrentados pelo poder público, as comunidades escolares e a sociedade em geral.

A grande maiorias dos problemas identificados foram objeto de ações extensivas do PEV no mesmo período de realização da pesquisa, na tentativa de colaborar para a superação, reconhecimento e diminuição destes gargalos.

Esperamos que estes dados possam ajudar a refletir sobre esta difícil realidade no sentido de transformá-la, possibilitando aos próprios pesquisados auto-reflexões e mudanças de comportamento, atitudes e novas práticas pedagógicas e educativas. Por outro lado, as informações aqui levantadas poderão servir para que os poderes públicos promovam investimentos e políticas públicas mais profícuas na superação dos problemas identificados.

Por Jacó Viana.
Confira alguns gráficos e tabelas: