Pesquisas do PEV em 2015 revelam problemas nas escolas

Durante o primeiro semestre de 2015 o Projeto Escola Verde esteve realizando pesquisas nas escolas públicas de Juazeiro-BA e Petrolina-PE, as quais revelaram um quadro preocupante sobre os problemas ambientais enfrentados e a carência da Educação Ambiental nas instituições de ensino.

As pesquisas ocorreram através de aplicação de Questionários com 47 professores, de diferentes áreas do conhecimento e níveis de ensino; bem como através de aplicação de Formulários semi-estruturados preenchidos pelos próprios pesquisadores, com a colaboração dos gestores, em 18 escolas de nível fundamental e médio da região.

A pesquisa foi de caráter qualiquantitativo, do tipo Survey. A amostra foi não-probabilista e intencional. Os nomes das escolas e professores foram mantidos em sigilo por questões éticas.

Dados da pesquisa Survey

A pesquisa revelou que a maioria dos professores pesquisados (85%) desejam desenvolver a temática ambiental em sala de aula, mas encontram várias dificuldades para tanto.

Dentre as dificuldades relatadas destaque para a falta de capacitação para trabalhar o tema (43%), falta de recursos didáticos apropriados (28%) e a falta de interesse dos alunos (18%).

Os dados coletados demonstraram também que 87% dos professores não receberam nenhum tipo de capacitação recentemente, e dos que receberam, 75% foi há mais de seis meses.

Tudo indica que a associação destes problemas resulta no não desenvolvimento da temática em sala de aula, de maneira contínua, associada aos conteúdos, de forma interdisciplinar e permanente, conforme determina a legislação (PCNs e a Lei 9.795).

Assim, o estudo revelou que 62% dos professores pesquisados não desenvolvem a temática ambiental em sala de aula de maneira contínua, e 38% abordam o tema somente em ocasiões especiais e de forma esporádica e isolada.

Dados da Pesquisa com Formulários

De acordo com os dados levantados apenas 55% das instituições possuem algum tipo de projeto de Educação Ambiental. Ou seja, em 45% não há envolvimento com o tema sequer através de um único professor.

Outro dado preocupante dá conta de que 67% das escolas possuem apenas entre 10% a 20% de área verde em seu espaço interno. Fator este que implica em aumento da temperatura e riscos para a saúde de alunos e professores.

Apenas 11% das escolas possui entre 51% e 60% de sua área arborizada. Todavia a maioria destas espécies são exóticas invasoras, tais como a Algaroba, Nim e Ficus. Fator que prejudica o equilibro ambiental e não favorece a valorização da flora local.

O estudo também revelou um dado de saúde bastante preocupante com relação a existência de problemas com a água potável oferecida em 55% das escolas; tais como vazamentos em bebedouros, consumo in natura da água diretamente das torneira pelos estudantes, caixas d’água com tampa quebrada e desperdícios pela falta de educação ambiental.

Outros 22% das escolas apresentam problemas com esgotamento sanitário, como vasos entupidos ou quebrados, esgotos a céu aberto e vazamentos.

Também foi verificado que 55% das escolas tiveram algum problema de saúde pública relacionados aos cuidados familiares, ao bairro ou a comunidade onde está inserida; tais como doenças infecto-parasitárias, piolhos e dengue.

A pesquisa revelou que em 58% das instituições de ensino pesquisadas não ocorre Coleta Seletiva alguma, e que das 42% restantes não ocorre a destinação adequada ou ocorrem problemas com a prática regular desta coleta.

Além de tudo isso, apenas 4 escolas (22,2%), possuíam hortas, sendo que duas delas eram de populares e não da própria escola. Ou seja, apenas 11%, efetivamente, possuíam horta escolar.